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10 dicas para um acampamento de sucesso

Entrar em contato com a natureza é o que cada vez mais pessoas têm buscado, principalmente para fugir do estresse da vida em cidades grandes. Mas muitos ainda associam o campismo com “passar trabalho”, como se fosse algo muito desconfortável. O que essas pessoas não sabem é que é tudo uma questão de desenvolver os conhecimentos adequados e ter os itens mais apropriados para cada função. Acampar é uma arte, poderíamos dizer. Por isso, hoje quero te dar algumas dicas avançadas, daquelas que só os campistas experientes desenvolvem, e ainda falar sobre alguns itens essenciais que você poderia investir para não passar sufoco. Enfim, se você não souber disso, a probabilidade de passar “perrengue” será alta.

Imagem de Brahmsee por Pixabay.

1) PROTEÇÕES CONTRA INSETOS


Nem todo camping tem mosquitos, mas é bom você estar sempre preparado para um ataque surpresa. Normalmente, eles costumam atacar ao fim da tarde com mais voracidade, e param (ou diminuem bastante) ao anoitecer. Nesse momento, um repelente pode fazer a diferença na sua vida. Normalmente quem não costuma acampar pensa que “um mosquito ou outro nem incomoda” ou que “não sou do tipo que os mosquitos preferem”. Porém, essas pessoas não têm ideia do nível que um ataque de mosquitos pode chegar. Depende muito do local, do clima etc. Para evitar incômodos, leve repelente. Existem também produtos para afugentar insetos para uso ao ar livre. Costumo aplicar ao redor da barraca. Em um momento de ataque, você também pode cobrir áreas vulneráveis do corpo, usando roupas de manga comprida, meias de cano alto. Mas não precisa exagerar. Se não estiver “sob ataque”, não precisa se defender. Então, apenas leve os produtos e saiba como agir. Ah, e não esqueça de deixar a barraca sempre fechada. Entre e saia o mínimo possível, evitando o incômodo de ter alguma companhia durante a noite.


2) USO DAS CORDAS


Cordas extras nunca serão demais. Você poderá usar como varal, para amarrar uma rede, para ajudar na fixação de lonas e barracas...

Leve de 10 a 20 metros de corda grossa, que suporte peso. Essa poderá ser usada para diversas finalidades importantes. Por exemplo, você pode amarrar entre uma árvore e outra bem forte e colocar uma lona por cima, no formato de uma cabana. Se fizer isso, pode usar a mesma corda para ir até outra árvore, servindo de varal (ou seja, nem precisa cortar a corda). Se atolar o carro, essa corda também poderia ser usada para desatolagem, se tiver outro carro para puxar. Pode usá-la para prender uma rede entre duas árvores também. Como é uma corda grossa, prefira uma não tão pesada, embora forte. Eu uso uma de nylon. 

Leve também uma boa metragem de corda mais fina. Você poderá usá-la para ajudar na fixação da barraca, caso precise amarrar espeques mais distantes, ou como fixações extras, entre a barraca e galhos de árvore. Para uma lona, então, será certamente usada, pois muitas vezes as amarrações originais não alcançam onde você gostaria. Então, você usa essas cordas para fixá-la a locais mais distantes.


3) ESPEQUES E FIXAÇÃO DA BARRACA


Muitos inexperientes acreditam que podem confiar nos espeques que vêm de fábrica com a barraca. E estes normalmente são ferrinhos finos, lisos e que entortam facilmente. São utilizáveis, sim. Mas, em situações de vento forte, você poderá precisar de algo mais eficiente. Eu tenho quatro espeques que comprei avulsos em uma loja de camping que são ferros mais compridos, grossos e com ranhuras, parecidas com as de ferro de construção. Se não me engano paguei 4 reais cada. Estes eu costumo usar para locais que precisam ficar mais seguros, como os quatro cantos de uma lona, ou os quatro cantos da barraca. Nunca foram arrancados pelo vento, são super seguros.

Além disso, também é bastante eficiente fazer amarrações em galhos de árvore, às vezes até em pedras pesadas. Tudo depende do que estiver à disposição e for melhor. Outra dica é cravar o espeque em uma direção perpendicular à força que o irá puxar. Imagine sempre as piores situações de vento com antecedência. Ou seja, não espere ventar para sair em desespero segurando tudo sem saber o que fazer.


4) BARRACA IMPERMEÁVEL


Este foi nosso acampamento no Ecological Camping Punta Rubia, no Uruguay. Veja a postagem Campings do Uruguai, para mais informações do local. Usei uma corda para fazer de varal, mas não me preocupei com lona sobre a barraca, pois já acampamos outras vezes com esta e sabemos o quando é boa. E eu também já sabia que a previsão do tempo era boa. Essa uma Nautika Cherokee para 6/7 pessoas. Pode chover à vontade que não entra água.


Em uma barraca, queremos dormir tranquilos, escutando o barulho das folhas, do vento... Uma maravilha! Mas a pior coisa que pode acontecer é chover e começar a entrar água, pingar em cima, alagar. Seria terrível.

Por isso, o melhor de tudo é se prevenir e comprar uma boa barraca, com boa impermeabilização e costuras seladas. As mais seguras têm duas lonas, a externa e a interna. A interna é menos impermeável, mas serve para deixar o ar circular melhor e evitar que a umidade da nossa respiração se condense no teto e escorra, pingue. Já a lona externa tem mais proteção: é mais impermeável e talvez tenha proteção UV. Cores claras ajudam a refletir os raios solares e evitar o aquecimento demasiado em dias de sol.

Uma boa que temos usado agora é a Quechua Arpenaz 2 Fresh and Black. Veja a postagem Resenha: barraca Quechua Arpenaz 2 Fresh and Black para mais informações. É para apenas duas pessoas, mas compramos para armá-la em cima do bagageiro de teto do carro. Veja esse projeto na postagem Uma barraca iglu sobre o bagageiro de teto.

Enfim, não adianta comprar aquelas barraquinhas que vendem em qualquer supermercado. Quer contar com a sorte? Melhor não. A barraca é o item principal em um acampamento, então, invista em algo bom. Se você tiver uma boa noite de sono, terá energia para aproveitar os passeios do dia seguinte. Beleza?

Para mais informações sobre tipos de barraca e outras formas para passar a noite, dê uma lida na postagem Onde dormir em acampamentos de viagens longas?


5) USO DAS LONAS DE COBERTURA


Tem gente que gosta muito de lona. Os caras colocam uma por baixo da barraca e outra por cima bem apertada. Por quê? A pessoa acha que assim está mais protegida da chuva, mas depende. Se fosse bom assim, as barracas já viriam de fábrica cobertas por uma lona totalmente impermeável. Mas não. As lonas das barracas são feitas para deixarem o ar circular. Primeiro, porque precisamos respirar e, segundo, porque o vapor de água produzido por nossa respiração precisa sair. Então, o envelopamento da barraca irá fazer os vapores se condensarem no teto da barraca, e daí sim vai começar a gotejar. Alguns irão achar que está pingando da chuva, mas é o próprio vapor da respiração mesmo.

Repito, compre uma boa barraca, bem impermeável, e nunca mais se preocupe com esses envelopamentos extras.

Mas, se quiser colocar uma lona por cima, coloque com certa distância. Não impeça o vento de passar. Deixe o vento passar livremente. Para evitar o frio, cubra-se, vista-se bem, só isso. Mas deixe o vento circular. E ele não é muito, pois o tecido da barraca segura bastante, não é como estar ao ar livre.

Além disso, para prender as extremidades, use algo flexível. Pode amarrar em um galho de árvore flexível (e resistente). Ou use borrachas, ou elásticos. E compre uma boa lona, resistente, com ilhós para amarração. Eu uso uma lona de caminhão. Não é das mais grossas, nem das maiores, mas é boa, de acordo com minhas necessidades. É preciso escolher algo resistente, mas pensando também no peso e no tamanho que ocupará no porta-malas. Mas invista em algo bom, para depois não ter que se preocupar com lona rasgando, voando com o vento...


6) FOGAREIRO RESISTENTE À BRISA




Outro investimento que considero importante é um bom fogareiro. Nós no momento temos dois e os escolhemos com uma tecnologia que dificilmente apaga a chama com o vento. Ora, você provavelmente estará ao ar livre, com pelo menos uma leve brisa correndo. E, para uma boca de fogão normal, qualquer vento já apaga ou diminui a capacidade de aquecimento, dificultando muito a sua vida. Então, por que passar sufoco? Compra logo um fogareiro um pouco melhor. O nosso é cerâmico. A chama aquece uma tela cerâmica, deixando-a incandescente. Assim, essa tela incandescente mantém a chama sempre acesa. Só se estiver ventando muito mesmo, para dar algo errado.


7) LOCAL ADEQUADO PARA A BARRACA


(Photo by Wilson Ye on Unsplash). Já escrevi uma postagem específica sobre a escolha do local. Chame-se Qual local escolher para colocar a barraca? Dê uma lida para ficar sabendo de mais detalhes. Mas vou resumir aqui os principais pontos.

A natureza é bonita, mas pode ser perigosa também. De uma hora para outra pode armar um temporal e tudo mudar. E você estará exposto e desprotegido, dentro de sua barraca. A árvore ao lado pode não resistir aos ventos e deixar um galho cair, ou uma fruta pesada. Um rio pode subir rapidamente, e tem uns que sobem até mais de dez metros. Então, ao armar sua barraca, você tem que pensar em qual local é mais seguro. Por último, pensar nas comodidades, no conforto. Mas tem muito mais aí para considerar. Clique no link da postagem, na legenda da foto acima, e leia mais a respeito, pois é muito importante que você domine todo esse conhecimento. O local da barraca será determinante para seu acampamento ser um sucesso.


8) GELO DA CAIXA TÉRMICA

Para quem leva uma caixa térmica com gelo, como a maioria dos campistas, é bom que saiba disto. É algo simples, mas ajuda muito. É o seguinte.

Quando você compra um saco de gelo e o põe na caixa térmica com os alimentos, o que ocorre no dia seguinte? Isso... Você acorda, vai fazer café e, quando abre a caixa, vê que o gelo já derreteu parcialmente e os alimentos estão imersos em água, boiando. Mesmo potes que pareciam bem fechados, de alguma maneira permitiram que a água entrasse. Catástrofe, né? Acontece.

Bom, existem algumas soluções para isso. Mas a melhor que achamos foi a seguinte. Um dia antes da viagem, colocamos garrafinhas de água mineral no congelador. No dia da viagem, logo antes de sair, colocamos elas na caixa junto com comidas ou bebidas. Não gela tanto quanto se colocasse direto no gelo, mas deixa fresco o suficiente para manter os alimentos e bebidas frescos. Outro benefício é que, conforme o gelo vai derretendo, você pode ir bebendo. Se fosse gelo daqueles de saco comprado, seria água colocada fora. Você teria que ir escorrendo. Mas, como é água mineral, você bebe, e bem gelada.

Cuide para não deixar a caixa ao sol, ou não ficar abrindo a tampa toda hora. E, se quiser gelar mais, poderá também abrir as garrafinhas com um canivete e deixar o gelo em contato direto. É uma escolha. Se for fazer isso, pelo menos faça com água da torneira. Deixe as minerais para beber. Bom, infelizmente isso só serve para os primeiros dois dias de uma viagem. Nos outros você teria que comprar sacos de gelo mesmo.


9) COLCHÃO DE AR


Adoramos dormir na nossa barraca, ainda mais em cima do carro. A visão é melhor ainda. Olhando essa foto, consigo sentir o conforto de nosso colchão de ar. Ah, na postagem Nosso projeto de bagageiro de teto para barraca iglu dou a dica do colchão que usamos aí na foto, e que é o mais estreito, que cabe nesta barraca Arpenaz 2.


Sou adepto do colchão de ar. Já me acostumei e às vezes até penso que é mais confortável do que o colchão de casa. Talvez porque em casa não estou em meio a natureza...? Enfim. Mas uma dica para quem não tem o costume de acampar e vai dormir em colchão de ar é: não infle totalmente! Se você encher demais, ele fica duro, você sente as dobras do colchão, fica ruim. O segredo é o seguinte. Você infla até o ponto em que consegue deitar de lado sem sentir o piso nos ombros e quadris. Ficou sem tocar o chão, infla só mais um pouco e está pronto.

Para inflar, pode ser cansativo. Mas o segredo é bombear com calma, dar pausas para descansar, ou revezar com alguém. Mas você também poderia pensar em comprar um colchão que dê menos trabalho, que demore menos para inflar, ou investir em uma bomba elétrica. Nós por enquanto usamos uma bomba manual, mas temos um colchão relativamente fácil de encher, pois não é tão grande e tem um sistema que facilita.


10) ISOLANTES TÉRMICOS PARA O FRIO

Para acampar no frio é preciso saber de técnicas adequadas. Você tem que saber que não é igual a dormir em casa. O ar gelado entra por todos os lados, até por baixo. Sim, o colchão de ar fica gelado e dói até a alma.  "Frio de renguear cusco", como dizemos por aqui. Assim, quem não está preparado, com os conhecimentos certos, costuma se ferrar e nunca mais acampar no frio. Gente, calma!

Sabendo que o colchão de ar será uma fonte de ar frio, você precisará isolar o contato entre ele o chão frio, e entre ele e você. Em baixo do colchão, pode colocar uma manta de borracha ou qualquer isolante térmico. Entre o colchão e você, coloque um cobertor grosso. E pronto! Fica até mais macio e confortável.

Outra coisa: não pense que você irá se vestir como em casa, de bermuda e manga curta. Não. Leve manga comprida, calça comprida, moletom. Prepara-se com roupas pesadas, e se cubra com bons cobertores. Se ficar quente demais, é só tirar algo. Mas, se ficar com frio, você sabe que tem uma boa proteção extra. O que NÃO PODE é passar a noite toda com frio e não tomar providências. E, de novo, não bloqueie a passagem do ar pela barraca. Deixe o ar correr, para evitar a formação de água no teto, como falei antes.

Bom, agora você já sabe o que fazer. Passa frio se quiser. Mas te garanto: é muito bom acampar no frio! Já acampamos à zero graus aqui no Rio Grande do Sul. Só faltou a neve, mas quem sabe um dia.


Bom, meus amigos, depois de todas essas dicas, a única coisa que você ainda precisará é estar junto de pessoas que você gosta. Daí sim, fechou todas, seu acampamento será sucesso garantido! Compartilhe essa postagem com seus amigos, e quem sabe assim você os convence a ir acampar contigo da próxima vez. Abraço e até a próxima!


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Resenha: Land Rover Discovery 300tdi

Um carro movido pela paixão, parte de uma comunidade de outros apaixonados pela marca Land Rover e tudo o que representa: liberdade, aventura, natureza, overlanding, campismo. A Discovery é capaz de te trazer tudo isso. E eu, com esta resenha, quero contar-lhes o que pensamos após um ano de uso e cerca de 15 mil Km rodados pelo Uruguai, Argentina e Chile.


Nossa Discovery 1996 motor 300tdi.

Um pouco da história da Discovery


Basicamente, a Discovery surgiu ao final da década de 80, como uma terceira linha da marca Land Rover, para complementar os já existentes modelos Defender e Range Rover. O primeiro, um utilitário robusto, ícone da marca, que antes era chamado apenas de “Land Rover” (séries I, II e III); o segundo, um carro com capacidades não muito distantes do primeiro, mas com perfil voltado para o conforto, o luxo. Criaram, então, a Discovery, um veículo com luxo intermediário (na época, o 200tdi), duas portas, sete lugares; um carro para levar a família para passeios de aventura 4x4, o que foi um conceito inovador na época. Alguns anos depois, quando o motor foi alterado para o 300tdi, o interior também foi mudado bastante, mas ainda guardando muitos aspectos que lembram o anterior. Enfim, meu objetivo aqui não é focar na história do veículo, mas achei bom começar por aí, de forma bem resumida. Para quem não conhece muito do carro, ajuda a se situar um pouco. Hoje, a Discovery está na quinta geração, muito mais moderna e bastante diferente da primeira.

Nossa Land Rover Discovery nos levando para mais um passeio. Stephanie na janela.



Por que escolhemos comprar uma Discovery 300tdi?


Na verdade no início não conhecíamos o carro. Nossa ideia era comprar um veículo diesel para fazer viagens longas, e uma das opções que conhecíamos era a Defender 300tdi. Já tínhamos lido bastante sobre esse veículo, sobre o motor. E éramos (ainda somos) apaixonados pelas Defenders, assim como também somos, por exemplo, pela Toyota Bandeirante, outra opção na época. Se querem saber mais detalhes, pontos positivos e negativos de cada um desses carros, podem ler a postagem Qual carro comprar para viagens longas? Mas, resumindo, chegou um momento em que descobri que algumas Discoverys levavam o mesmo motor 300tdi das Defenders. Mas as Discos são mais raras, por isso passavam mais despercebidas. Enquanto eu passava horas vendo anúncios de Defenders, a maioria 300tdi, em mais de um site de venda, as Discos 1 se contavam nos dedos, as Disco 2 também... E teve um anúncio que estava bem “fraco”, era só uma foto do carro por fora com alguma descrição. Eu tinha gostado, mas estava olhando as Defenders. Fiz visita a todas Defenders da região. E só uma a gente gostou, mas o preço estava muito alto, mais do que poderíamos. Então, após esgotar as possibilidades, mostrei para a Stephanie: “Olha essa Disco aqui, quem sabe a gente marca uma visita, para ver como é?” Ela topou. E quando a vimos por dentro, a conservação, o estado do motor, foi amor à primeira vista!

Foto do interior da nossa Discovery tirada com uma GoPro.



Especificações


Vou resumir bem a minha: Land Rover Discovery série 1 motor 300tdi diesel ano e modelo 1996 exterior verde, interior caramelo, suspensão com lift por calço de 2 polegadas, pneus 265/70R16 (mais largos e com maior diâmetro que os originais, que eram 235/70R16).



Após um ano de uso, o que pensamos da nossa Disco?


A maioria dos entusiastas diria “é uma lenda, carro fantástico!”, mas eu aqui quero me deter nos aspectos mais objetivos, pois entendo que você deve estar buscando a real, os lados negativos também, e não só os positivos. Vamos lá...


1) Design

A primeira impressão que se tem é o visual. É um carro alto, possante, robusto. É tudo isso mesmo. Os maiores carros da atualidade, como a Hilux, a Ranger, a SW4, não conseguem intimidar, mas talvez fiquem no páreo... Não é clássico, como uma Defender, mas, para quem gosta de raridade, este é, e cada vez mais será. Daqueles que as pessoas olham e ficam de queixo caído. Quem conhece, pensa “Nossa, uma Disco 1!” Quem não conhece, pensa “Nossa, que carro é esse?”


2) Interior

A segunda impressão é o interior. Embora seja um carro antigo, é algo muito bem trabalhado. Hoje em dia você entra nos carros e tudo é de plástico, tudo parece que vai se desmontar com os buracos da cidade. Na Disco 1, pelo menos na minha, que é da cor caramelo, você sente que é um carro de luxo, e um luxo de vanguarda, entende? Não é um carro que se baseou em outros por aí. Ele é único. E é funcional também, tem espaço para tudo e até sobra.


3) Conforto

Outra coisa é o conforto. Já dirigi um Defender. Tem muita gente que acha o defender desconfortável, porque o banco é muito rente à porta, bla bla bla. Eu até não sou desses, não acho dos piores. Mas, sem dúvida, a Disco é bem mais confortável. O banco acomoda, tem espaço certinho para as pernas, a visão pelos vidros é perfeita. Claro, não sou daqueles que anda no carro com o banco quase deitado, tentando uma “esportividade forçada”. Esses eu não sei se gostariam, mas aí é outro estilo. Na Disco é na medida certa, acomoda como tem que ser.


4) Manobra

E para estacionar um carro grandalhão como ela, é difícil? Que nada! A Disco é quadradona e cheia de vidros. Você tem uma ótima ideia da distância das coisas, é só se acostumar um pouco e ter cuidado.


5) Manutenções

A mecânica é simples mesmo. Eu sou da opinião de que quanto menos complexidades, menor a probabilidade de quebrar algo, então, mais barata a manutenção. Tem que ter cuidado ao escolher um mecânico, pois há os careiros e os sacanas. Fato é que não é preciso levar a um especialista em Land Rover para quase nada, só se quebrar algo muito específico mesmo. Eu aprendi a fazer todas as manutenções básicas em casa: troca do filtro de ar, do filtro de diesel, do óleo e filtro de óleo (veja postagem Como trocar óleo e filtro de óleo do próprio carro? ou o vídeo que fiz no YouTube com o mesmo nome), engraxo cardã e munhões. Todos esses filtros ou substâncias encontrei para vender em locais comuns, perto de casa, às vezes até nos postos. Tem também pelo Mercado Livre, em lojas especializadas de LR. Pago bem barato e não preciso nem gastar com mão de obra. A facilidade é que o carro é alto do chão, então, não preciso elevar ele para mexer. Mas quem quer pagar para fazer, é igual a qualquer carro, é só cuidar para não ser passado para trás. Quanto ao que é mais complexo, levo em uma oficina especializada em Land Rover, mas tive sorte e nunca paguei caro por nada. A única exigência é comprar um carro bem cuidado, pois é claro que um carro detonado iria dar problema, quebrar toda hora.


6) Suspensão

Não posso dizer por todas, mas muitas camionetas modernas têm uma péssima suspensão, dura, trepidante. É normal, pois um veículo alto pode acabar tombando nas curvas se tiver suspensão macia demais. Contudo, a Discovery não tem tanto esse problema. Isso porque o chassis dela é um par de viga de aço como de um arranha-céu, hehehe. Sim, o peso do chassis acaba baixando o centro de gravidade, permitindo que a suspensão possa ficar mais macia. Não é como um sedã de luxo, mas bem boa. Andei em um Renegade e em um Compass, e nem se compara, a Disco é muito melhor! Ainda assim, os proprietários da Disco 1 costumam alterar, para diversas finalidades. Pode colocar molas mais macias, maiores, amortecedores de primeira linha, e vai ficar um espetáculo. E é tudo simples, custa barato, um preço justo, na verdade. Não tem aquela frescura de suspensão a ar, amortecedores magnéticos etc.



7) Capacidade de carga

O porta malas não é muito grande não. Para o dia a dia, é bem suficiente, não sinto falta. Mas, para viajar, poderia ser um pouco maior. Acaba não me incomodando, na verdade, porque somos só eu e a Stephanie no carro, então usamos o espaço dos bancos traseiros. Estes, inclusive, podem ser rebatidos totalmente, de forma que a camionete fica como uma pick-up. Às vezes fazemos isso, mas preferimos deixar o banco normal. Além disso, como normalmente se usa bagageiro de teto, daí sim, se pode colocar muita coisa em cima. A gente não usa o bagageiro para carga, pois o portão de casa é baixo, e o ideal mesmo é aproveitar o espaço interno sempre que possível. Mas, se você quer viajar em um grupo, daí sim, podem ir mais pessoas dentro do carro e levar as coisas em cima, no bagageiro. O carro é forte. Pode até ser lento, mas leva o que for necessário sem aumentar muito o consumo.

Nesta configuração, para ir ao Uruguai, nós rebatemos os bancos traseiros. Por isso, vejam na foto, a caminhonete ficou com um espaço como uma pick-up. Esse toldo que cobre o porta malas, inclusive, pode ser retirado, se houver necessidade de empilhar mais coisas. Ao lado direito da foto, perto da lâmpada do porta malas, vocês podem ver o banco. Tem um de cada lado. Eles também podem ser removidos, para maior capacidade de carga. Eu nunca quis ter esse trabalho, nem senti necessidade. Gosto deles. Um dia estávamos em seis e, ao invés de irem todos em dois carros, fomos apenas no meu, utilizando um dos bancos do porta malas.


8) Motor

Acho que a maior vantagem do motor 300tdi, além de ser diesel, é claro, é o fato de ser simples, sem muita frescura. De novo, quanto menos detalhes, menos chance de dar problema. Quatro pistões, também, acho ideal. Esses carros modernos começaram a vir com três pistões, mas isso é ruim pela estabilidade das vibrações. Um motor de oito pistões, V8, seria algo bem estável, seria um motor invejável, potente e com som magnífico. Porém, V6 ou V8, é mais consumo, pois normalmente tem maior cilindrada, são feitos para ser muito potentes. No caso do 300tdi, um 4 pistões em linha, 2.5 litros, é bem basicão mesmo. O consumo dele gira em torno de 9.5 a 11.5. Em média, dá para calcular sempre como 10,5 Km/l. Depende do peso que você for carregar, se está subindo a serra, ou descendo, de muitos fatores, inclusive da regulagem (bomba, turbina...).

Por baixo do capô, esta maravilha. Para quem não entende, é muito confuso esse monte de canos e peças. Mas eu fui aprendendo com o tempo. Hoje saberia explicar a funcionalidade de quase todas essas partes.

O meu veículo, na época, foi importado. Então, o motor não é fabricado no Brasil, como outras Discoverys ou Defender de anos posteriores.

É um motor com turbo e intercooler, o que é muito bom, em comparação a outros veículos diesel da época. O turbo e o intercooler acrescentam potência. E o som do turbo é bonito de se escutar. Quando o giro aumenta e a turbina sopra forte, você sente que a potência aumenta bastante.

Por ser um motor diesel, o bom é que é um motor de forte estrutura e longa durabilidade, pelo menos quando é bem cuidado.

Agora, o lado ruim desse motor. Ele costuma ter problema com sobreaquecimento. Muitos reclamam disso. A gente nunca teve problema de a água ferver, mas temos um marcador de temperatura do cabeçote e vamos controlando. Não sei ao certo qual a temperatura exata que eu deveria ter receio de ultrapassar, mas, por enquanto, quando alcança a marca de 81 graus, eu começo a retirar o pé do acelerador, desligar o ar condicionado. Nunca deixei passei dos 91 graus na temperatura do cabeçote. Mas o próximo passo é instalar um sensor de temperatura de água bem preciso, que me mostre com exatidão a temperatura da água, daí sim não tem erro, dá para cuidar melhor. Esse então é um ponto negativo, ter que ficar sempre atento à temperatura da água, não forçar demais o motor. Sempre que a temperatura do dia está muito elevada, é uma preocupação.

Outro lado ruim, na minha opinião, é que o motor poderia ser um pouco mais forte. Ele tem 111HP apenas. Para um veículo de duas toneladas e meia, não é muito. Ele vai de vagar nas subidas, sim. Por esse motivo tem muito landeiro que refaz o motor para 2.8 litros, ou troca a turbina por outro modelo, ou coloca um intercooler maior. Ou seja, ninguém está plenamente satisfeito. Mas, pelo menos tem solução. Eu não penso em transformar em 2.8. Em geral se faz isso quando o motor precisa de retificação, daí já se aproveita e modifica. Mas o próximo upgrade nesse sentido será colocar um intercooler duplo, talvez. Se bem que eu dirijo de vagar, então não me incomodo tanto com isso.

Outro problema do motor é que, pelo fato de não ter injeção eletrônica (o que, já disse, é também uma vantagem), quando o ar fica rarefeito, como quando subimos as cordilheiras dos andes, o motor enfraquece muito, pois entra menos oxigênio para a combustão e fica uma mistura rica em diesel, sai fumaça preta, o carro consome mais. A 5 mil metros de altitude, então, o carro não conseguia passar dos 35 Km/h, por aí. Bom, na verdade, se eu enfiasse o pé no fundo, até andaria um pouco mais, porém com alto consumo, e com a temperatura do cabeçote indo às alturas. Então, a gente tinha que desligar o ar condicionado e andar bem de vagar. Na volta de San Pedro de Atacama, então, tinha uma subida sem parar por uns 30min. Mas aí eu descobri o segredo: engatei a reduzida. Com a marcha em quinta da reduzida o carro foi, de vagar, ainda, mas sem problema nenhum de sobreaquecimento. Ou seja, em altitude, o jeito é usar a reduzida para algumas subidas, para evitar o sobreaquecimento.


9) Tração 4x4

O bom desse carro, e de todas as Land Rovers, é que a tração 4x4 é integral, graças ao diferencial central. A maioria dos carros, até os modernos, não possuem isso, não sei por quê. Só podem ligar o 4x4 quando a superfície de contato for de baixa aderência (lama, areia). Em asfalto, por exemplo, não podem. Já a Discovery está sempre tracionada, e isso é ótimo, dá mais segurança em curvas, gasta pneus de forma mais regular, não patina facilmente e está sempre pronta para enfrentar condições difíceis.


10) Freios

Como eu não sou de correr na cidade, não sinto falta de freios mais potentes. A Disco tem freio à disco nas quatro rodas, olha que legal que ficou a frase, hehe. Acho que quem deixa o carro muito pesado, com para-choques de impulsão, barraca de teto etc, daí sim, pode ter mais dificuldade para frear, pois, quanto mais peso, maior a inércia, mais difícil de parar, ainda mais aquelas pessoas que aceleram e freiam em cima. Para mim, estão bons assim como são. Mas, a maioria dos usuários acaba fazendo upgrades, colocam hidrobooster, por exemplo, trocam cilindro mestre, essas coisas. Talvez um dia eu faça.

Ao fundo, o vulcão Licancabur, próximo a San Pedro de Atacama.



11) Lataria

A lataria é quase toda em alumínio, como as Defenders. Você bate com o dedo e sente que é forte, e não uma latinha de cerveja como os veículos modernos. A Discovery é daqueles carros que quando bate, o outro se estraçalha e ela só dá um arranhãozinho, hehe. Bom, melhor não tentar, porque as peças de acabamento, essas sim são difíceis de conseguir.

Cordilheiras dos Andes, Chile.


12) Seguro

Tem como fazer seguro sim, mesmo ela tendo mais de vinte anos e sendo um veículo Off-Road. Mas, sinceramente, não vale a pena. A vez em que fiz uma cotação, sairia mais de quatro mil reais por ano. Então, é inviável. Em poucos anos, economizando, você poderia comprar uma Discovery “nova”. Digo, pelo valor atual do carro, é melhor guardar esse dinheiro para, no dia em que acontecer algum sinistro, você ter como consertar, ou pelo menos comprar outra... E eu, com meus 15 anos de motorista, nunca precisei acionar o seguro, lembrando que só vale a pena acionar o seguro quando o valor do conserto ultrapassar o valor da franquia. Então, na maioria dos sinistros, você de qualquer forma paga do seu bolso. Sei lá, tudo na vida envolve certo risco. Eu assumo o meu, e faço o possível para que o risco seja o menor possível, sendo cauteloso e dirigindo pouco e de vagar. Invisto em outras formas de segurança, evito estacionar na rua, deixar coisas dentro, essas coisas. É uma questão de probabilidade.


13) Valorização

Ao longo dos anos, é normal que o veículo vá perdendo seu valor. O preço vai caindo. Porém, um dia alcança um patamar e de lá não cai mais. A Disco 1 já chegou aí. A partir de agora, as bem conservadas vão ficando cada vez mais raras e o preço provavelmente irá aumentar, acredito que acima da inflação. É só você olhar quanto custa os veículos mais antigos, quando bem conservados. Quanto mais raro, mais original e mais conservado, maior o preço. Claro, para conservar bem, tem um custo. Mas, se você ama o carro, isso não é um peso, é um investimento na felicidade. A manutenção é barata mesmo, mas eu tenho gastado em upgrades. Dá prazer planejar e comprar algo novo para o carro. O que eu tenho certeza é que hoje eu venderia ele por mais do que paguei, com certeza. Muito diferente é quando se compra uma camionete nova. Você compra por 200 mil reais, ou mais, e nunca mais vende por esse preço. A manutenção dessas camionetes novas é cara, ainda mais porque carro novo sempre se quer levar em autorizada, para não perder a garantia. Só que na autorizada eles te tiram o couro!


Bom, gente, acho que é isso. Se eu lembrar de algo mais, acrescento depois. E, se você tem esse carro e quer compartilhar sua opinião, fique à vontade para comentar, aqui em baixo. Acho que me alonguei demais até, mas, de fato, tinha muito a dizer. Obrigado por ler acompanhar nossas postagens! E até a próxima!

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