O diferencial é um conjunto de engrenagens que faz parte do sistema de transmissão da força gerada no motor até as rodas do carro. Mais especificamente, o papel dele é receber o torque de um eixo e distribui-lo igualmente entre outros dois (por exemplo, os eixos que giram duas rodas).
Esse é o diferencial traseiro do meu carro. O dianteiro tem a mesma aparência. Já o diferencial central fica junto com a caixa da reduzida e tem uma aparência diferente. |
A vantagem do diferencial, por exemplo, é possibilitar que, em uma curva, a roda que contorna pelo lado externo possa girar mais do que a roda interna, evitando que as rodas arrastem. Se as duas rodas girassem igualmente (sem diferencial), as rodas arrastariam um pouco e forçariam o sistema de transmissão, podendo causar danos às engrenagens ou um acidente.
Por causa dessa característica, por outro lado, se uma das rodas perder o contato com o solo, o diferencial irá tentar nivelar o torque, tendo como consequência que a roda que está no ar irá girar mais e a que está no solo ficará parada. Isso é um efeito indesejado, pois assim o carro não consegue transmitir força ao solo para se mover. A solução, para veículos 4x4, é contar com sistemas de bloqueio de diferenciais.
No caso da minha Discovery, existem três diferenciais. O primeiro é o central, que recebe o torque do motor e o distribui igualmente para os eixos traseiro e dianteiro. Além desse, há um diferencial dianteiro, que recebe o torque do diferencial central e o distribui para as rodas dianteiras, e o diferencial traseiro, que recebe o torque do diferencial central e o distribui para as rodas traseiras. De fábrica, somente o diferencial central possui bloqueio. Mas é possível instalar sistemas extras para bloqueio dos outros individualmente.
Desenho das engrenagens de um diferencial (cortado). No fim, é algo muito simples. Se você quiser ver, há muitos vídeos no You Tube. // Imagem de ottlukas14 por Pixabay. |
Dentro da carcaça dos diferenciais estão as engrenagens, as quais precisam ser embebidas em óleo para engrenagens conforme a especificação do fabricante.
Aqui, por exemplo, é uma tabela do Manual de Manutenção da Discovery 1 com as recomendações de fluidos. Lá embaixo você vê os diferenciais dianteiro e traseiro como "Final drive units". A recomendação é usar viscosidade 90 EP para climas quentes, e 80 EP para climas frios (que possam chegar abaixo de -10°C). O diferencial central, como falei, fica junto à caixa da reduzida, a qual é identificada por "Transfer box LT230T", na última linha. A recomendação é a mesma.
Pois então, quanto à manutenção preventiva dos diferenciais, dois procedimentos são importantes:
1) Conferir o nível (e qualidade) do fluido;
2) Trocar o fluido.
São procedimentos muito simples, que você pode fazer em casa mesmo.
Vou colocar abaixo o que diz no manual de manutenção. Não se assustem. Parece complexo, mas não é. Depois eu vou resumir, para você entender melhor.
Procedimentos para troca do óleo dos diferenciais dianteiro e traseiro e para conferir o nível. |
Procedimentos para a troca do óleo do diferencial central e para conferir o nível. |
Vou simplificar.
Para trocar:
1 - Retirar o cabo negativo da bateria;
2 - Retirar o bujão de nível (superior) e depois o de dreno (inferior) e deixar escorrer o óleo velho em uma bandeja;
3 - Fechar o bujão de dreno;
4 - Colocar o óleo novo pelo furo do bujão de nível até encher;
5 - Fechar o bujão de nível;
6 - Recolocar o cabo negativo da bateria.
Para verificar o nível:
1 - Retirar o cabo negativo da bateria;
2 - Retirar o bujão de nível (superior);
3 - Olhar pelo furo o nível, ou colocar o dedo dentro para constatar;
4 - Se necessário, colocar mais óleo;
5 - Fechar o bujão de nível;
6 - Recolocar o cabo negativo da bateria.
Observações:
-Usem as ferramentas corretas. Os bujões são duros de sair, e uma chave catraca pode ser muito difícil. O ideal é usar uma ferramenta para torques maiores (sem catraca e com cabo mais longo), por exemplo, um cabo de força. Aí será muito mais fácil. Depois de soltar o bujão, daí sim é bom usar uma chave catraca, para ser mais rápido.
-O manual diz para usar um vedante nos bujões do diferencial central, mas não o cita no caso dos diferenciais dianteiro e traseiro. Da última vez que troquei o traseiro, resolvi aplicar o vedante mesmo assim.
-Observem os torques recomendados para os bujões, quando houver. Para usar o torque correto, usem um torquímetro. Eu uso um torquímetro de vareta. Notem que para os diferenciais traseiro e dianteiro, não há indicação de torque. Nesse caso, é só usar o bom senso.
-No meu manual de manutenções, há uma parte que fala sobre as quantidades dos fluidos. Diz que são 2,3 litros no diferencial central e 1,7 litros no traseiro e dianteiro (cada).
-Limpe antes de abrir os bujões, para evitar entrar sujeira para dentro. Também limpe as roscas dos bujões.
-Retirar o negativo da bateria é uma recomendação do manual, por segurança, já que quase tudo (inclusive os diferenciais) estão conectados ao negativo pelo aterramento.
-No meu carro, todos os bujões são retiráveis por uma ferramenta de ponta quadrada de 13mm. Provavelmente você tem nas chaves-catracas, torquímetro etc. É um tamanho bastante comum. Normalmente é o quadrado que se usa para acoplar os soquetes e outras pontas.
-Retirar o negativo da bateria é uma recomendação do manual, por segurança, já que quase tudo (inclusive os diferenciais) estão conectados ao negativo pelo aterramento.
-No meu carro, todos os bujões são retiráveis por uma ferramenta de ponta quadrada de 13mm. Provavelmente você tem nas chaves-catracas, torquímetro etc. É um tamanho bastante comum. Normalmente é o quadrado que se usa para acoplar os soquetes e outras pontas.
Aqui eu estou usando um cabo de força para soltar o bujão de nível do diferencial central (ou caixa de transferência). Perceba o tamanho do cabo, nem coube na foto. |
Para adicionar o óleo, você precisará de um funil como esse. |
Enfim, espero que eu tenha feito uma boa descrição. Mas, se tiverem alguma dúvida, é só escrever abaixo nos comentários. Verifique o nível e a qualidade do óleo dos diferenciais de tempos em tempos. Eu diria que a cada seis meses ou no máximo um ano. Diferentemente do óleo do motor, que se contamina e gasta mais fácil, o óleo dos diferenciais são muito mais duráveis. Mas é importante verificar com frequência, pois podem ocorrer vazamentos ou contaminações e, se você não estiver atento, poderão causar danos nas engrenagens a médio ou longo prazo.
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